segunda-feira, 29 de junho de 2009

O MONSTRO

(Aparece uma figura monstruosa para uma mulher que está caminhando sozinha por uma rua deserta à noite. A mulher tenta escapar, mas fica imóvel; de tão nervosa, não consegue comandar mais as pernas).

O Monstro (aproxima-se da mulher, que aparenta ter uns trinta anos): Calma, senhora. Só quero lhe perguntar uma coisa: a senhora não viu por essas redondezas um monstro?

A Mulher(ainda assustada): Não, quer dizer, vi. Não é o senhor por acaso?

O Monstro: Não, eu posso ter cara de monstro, mas não sou um monstro. Os monstros geralmente têm um rosto harmônico, expressão suave, são persuasivos, falam com fluência, e aí é que levam as pessoas a pensar que são seres adoráveis e cometem barbaridades.

A Mulher: Então o senhor não é o monstro?

O Monstro: Não. Há monstros na política, nas empresas que vendem produtos com defeito, há muitos monstros por aí, tome cuidado.

A Mulher: Até que o sr. é simpático. E obrigado pelo aviso.

O Monstro: Prazer em conhecê-la.

A Mulher: O prazer foi meu.

(O Monstro dá a mão à mulher. Despendem-se, o monstro sai de cena e a mulher, ainda perturbada, fica pensando no que ele disse).

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